Jogo do Tigrinho leva jovens a desistir da faculdade, diz pesquisa

Uma pesquisa encomendada por instituições privadas apontou que os jovens estão desistindo de cursar uma graduação por causa de plataformas como o Jogo do Tigrinho. Segundo o levantamento, 35% dos interessados em fazer faculdade em 2024 não começaram o curso porque gastaram o dinheiro com apostas e jogos de azar virtuais.

O Jogo do Tigrinho é uma plataforma de apostas e cassino online, que funciona como uma máquina caça-níqueis – Foto: boardingschools/Reprodução/ND

A estimativa é de que a proporção represente 1,4 milhão de pessoas. A pesquisa divulgada nesta segunda-feira (16) foi realizada pela Educa Insights em parceria com a ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior).

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“Os grupos educacionais agora têm as bets como um novo concorrente”,  declarou Daniel Infante, sócio-fundador da Educa Insights, ao jornal O Globo.

Universidades privadas agora disputam mercado com as “bets”, casas de aposta virtuais – Foto: Freepik/Reprodução

O levantamento entrevistou 10,8 mil pessoas de todas as classes sociais e de todas as regiões do país que almejam iniciar a graduação em uma instituição particular de ensino superior.

As regiões com maior percentual de estudantes que desistiram da faculdade para gastar o dinheiro em bets e no Jogo do Tigrinho são o Centro-Oeste e o Norte, com 42%. São 36% no Sudeste, 34% no Nordeste e 24% no Sul.

Segundo a pesquisa, 37% dos brasileiros precisariam parar de gastar com apostas online para conseguir pagar a faculdade – Foto: Getty Images/ND

A pesquisa ainda mostra que a renda familiar está associada ao fenômeno. Nas famílias que ganham até R$ 2,4 mil por pessoa, o índice sobe para 39%. Já entre quem ganha até R$ 1 mil per capita, chega a 41%.

Além disso, 37% dos brasileiros consultados acredita que precisariam interromper seus gastos com apostas para conseguir cursar a faculdade em 2025.

“O setor sempre trabalha em prol do seu crescimento, nunca contra outras formas de investimento. Mas, nesse caso, vamos discutir uma entrada no debate da regulamentação”, antecipou Celso Niskier, diretor-presidente da ABMES.

Mulher que perdeu R$ 322 mil no Jogo do Tigrinho processa influenciadores

A influenciadora Deolane Bezerra foi presa por envolvimento em lavagem de dinheiro e divulgação de jogos ilegais – Foto: Reprodução/ND

Os jogos virtuais de azar são alvo de polêmica no Brasil. Em abril deste ano, uma mulher procurou a Justiça de Goiás para processar a advogada Deolane Bezerra e outros influenciadores digitais, após perder R$ 322 mil no Jogo do Tigrinho.

O Jogo do Tigrinho é uma plataforma com jogos de apostas e cassino online, em sistema de jogo de azar, criado pela empresa PG Soft. A ferramenta funciona como uma máquina caça-níqueis, onde o usuário precisa adicionar um valor para participar.

A empresa responsável fica localizada em Malta, arquipélago na Europa. Mesmo operando de forma ilegal no Brasil, o jogo ganhou grande repercussão em 2023 e várias pessoas afirmaram ter caído em golpes.

Uma mulher processa influenciadores após perder R$ 322 mil no Jogo do Tigrinho e outras plataformas de aposta – Foto: Reprodução/ND

O processo em Goiás exige uma indenização de R$ 1,1 milhão a ser paga pelas empresas dos jogos e pelos famosos. A vítima alega que começou a apostar por influência de personalidades como Carlinhos Mais, Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra, que divulgaram as plataformas.

Ela ainda afirma ter apostado na Esportes da Sorte, empresa que foi alvo da operação “Integration” da Polícia Civil de Pernambuco no dia 4 de setembro. A ação, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro e divulgação de jogos ilegais na internet, resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra.