O depoimento de maior aflição entre as autoridades que se manifestaram sobre e devastação que a natureza impôs ao Rio Grande do Sul partiu do prefeito de Bento Gonçalves, Diego Siqueira.
Emocionado sobre a gravidade da situação, que se torna mais aflita pelo número de desaparecidos, desabafou: “Perdemos preciosas vidas humanas pela falta de helicópteros”. Isso mesmo: faltaram aeronaves.
Município conhecido no Brasil e no exterior pela produção de uva e de vinhos de qualidade, destaca-se no turismo da região sul pela paisagem linda e pelo padrão de sua infraestrutura vinícola, hoteleira e gastronômica.
Só esta circunstância econômica dá uma ideia sobre a dimensão dos prejuízos econômicos, a começar pelo agronegócio. Inimaginável o sofrimento dos que perderam familiares, e parcial ou totalmente, seus patrimônios. Como recomeçar e com que apoios efetivos?
O prefeito manifestou-se com rasgados elogios aos esforços da população gaúcha e, sobretudo, da solidariedade do povo brasileiro. Fato, aliás, destacado à exaustão por incontáveis lideranças.
Siqueira também repetiu outra verdade: frustrações com a mobilização da Força Nacional, que só agora estão enviando reforços.
Esta hecatombe exigia uma atuação imediata já na semana passada, com transferência maciça de helicópteros, aviões e equipamentos de enfrentamento das chuvas e ostensiva presença das Forças Armadas.
A união do povo foi o melhor exemplo da solidariedade humana. A pronta intervenção dos empresários com aeronaves e equipamentos, igualmente elogiável. Militares e bombeiros também continuam na trincheira como heróis de ações impecáveis. Omissões, atrasos e o diversionismo nacional em rede de TV para um show erótico, pago com dinheiro do contribuinte, para uma velha decrépita e depravada, também compõem, infelizmente, este trágico período.