Tarifa do ferry boat entre Joinville e Vila da Glória é 327% mais cara que em cidades próximas

Valor 327% maior que de outras cidades próximas. Este é o tamanho da tarifa que os usuários pagam pela travessia de ferry boat entre Joinville e a Vila da Glória, em São Francisco do Sul. O preço de R$ 24,10 cobrado é até 3,27 vezes maior que a tarifa em Itajaí, por exemplo.

Preço da tarifa é motivo de reclamação entre os usuários – Foto: Arquivo/NDTV
Preço da tarifa é motivo de reclamação entre os usuários – Foto: Arquivo/NDTV

No trecho entre Navegantes e Itajaí, na Barra do Rio, o valor é de R$ 7,35. Já para a travessia entre Navegantes e o Centro da cidade vizinha, a tarifa fica em R$ 9,05. Em Guaratuba, no Litoral do Paraná, o preço cobrado é de R$ 8,90.

O preço cobrado pela empresa F. Andreis, que possui contrato de prestação do serviço junto ao governo de Santa Catarina, é motivo de reclamação constante entre os motoristas que precisam usar a travessia diariamente. Além disso, a única forma de pagamento aceita é dinheiro em espécie.

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Ferry boat foi interditado pela Marinha

Não bastasse o custo alto, o estado de conservação da embarcação utilizada é precário. Nesta segunda-feira (15), a Marinha do Brasil interditou a embarcação “Rainha de Babitonga”, utilizada para a travessia de ferry boat entre Joinville e a Vila da Glória. De acordo com a Capitania dos Portos em São Francisco do Sul, uma denúncia foi realizada a respeito do mau estado de conservação da balsa.

Em uma vistoria realizada na tarde de segunda-feira, a equipe de Inspeção Naval encontrou água no porão por conta de avarias no convés do ferry boat, e decidiu interditar a embarcação para preservar a vida dos usuários, de acordo com a nota enviada pela Capitania dos Portos ao Portal ND Mais.

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Empresa de ferry boat não sabe quando voltará a operar a embarcação

De acordo com a F. Andreis, empresa responsável pelo ferry boat interditado, houve um rasgo na chapa do convés, causando entrada de água nos porões da embarcação.

O rasgo, segundo a empresa, ocorreu por excesso de peso em caminhões e carretas. Ainda segundo a empresa, não há uma balança para fiscalização do peso dos veículos que utilizam o serviço.

Confira a íntegra da nota encaminhada pela empresa

“Informamos que na data de ontem 15/01/2024, uma das embarcações empregadas na operação dos serviços de Joinville, foi paralisada pela Autoridade Competente (Marinha do Brasil), por apresentar água nos porões.

Primeiramente é importante destacar que a embarcação, estava com toda sua documentação normativa, incluindo CSN – Certificado de Segurança da Navegação, aprovado pela Marinha do Brasil (válido e vigente).

Ocorre, que a entrada de água da chuva nos porões da embarcação, foi em decorrência de rasgo na chapa do convés, causado pela travessia de caminhões e carretas com excesso de peso.

Assim, como não existe “balança” para fiscalização, os usuários utilizam os serviços, com veículos muito acima do peso máximo permitido, causando danos nas embarcações, bem como, nas vias de acesso (ruas/estradas).

Importante consignar, que as manutenções nas embarcações, são realizadas rotineiramente, porem o excesso de peso desses veículos (carretas/caminhões), causam danos nas embarcações, necessitando de intervenções frequentes.

O problema identificado pela Marinha do Brasil, (água nos porões), estava sendo monitorado pelo Engenheiro Naval responsável, bem como, os serviços de reparos, estavam sendo realizados pela equipe de manutenção, no período no noturno, após o fim da operação diária.

Após a paralisação da embarcação, como forma, de manter a continuidade dos serviços e não prejudicar os usuários que dele necessitam, foi colocada em operação uma embarcação reserva até a conclusão dos serviços de reforma e liberação da embarcação retirada de trafego.

Os serviços de reparos na embarcação já foram iniciados, sendo assim, enquanto os reparos são efetuados, a operação será realizada com a embarcação reserva.

Em relação a forma de cobrança da tarifa, atualmente ocorre em moeda corrente, sendo aceita exclusivamente em espécie, portanto não é aceito pagamento em cartão de crédito/débito, nem tampouco transferência por pix.

Atualmente não é possível a cobrança por pix ou cartão, pois não há, na travessia acesso à rede elétrica ou internet de forma que a cobrança por meios digitais resta prejudicada por este motivo”.

O que ainda não foi respondido sobre o caso do ferry boat?

A reportagem solicitou uma cópia do CSN (Certificado de Segurança Naval) citado pela empresa na nota, mas empresa afirmou se tratar de um documento interno.

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O Portal ND Mais também questionou se a empresa não possui nenhuma outra forma de fiscalização do peso dos veículos que utilizam o ferry boat e se a F. Andreis pretende implantar algum sistema de controle para evitar que novas avarias ocorram.

Com relação ao peso dos veículos, a empresa apenas afirmou que o controle seria de responsabilidade estadual ou municipal, e que estuda a possibilidade de notificar os órgãos responsáveis.

À Marinha do Brasil, a reportagem questionou quando foi realizada a última inspeção na embarcação “Rainha de Babitonga”. Até o fechamento deste texto, não houve resposta sobre a pergunta.

O que diz a empresa sobre o preço da tarifa?

A F. Andreis encaminhou ao ND Mais uma nota para justificar a diferença de valores das tarifas citadas na reportagem. De acordo com a empresa, há um subsídio pago pelo governo do Paraná para a travessia de Guaratuba, o que permite baratear o preço para o usuário. Confira a íntegra:

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“O valor referencial da tarifa leva em consideração a modalidade econômica financeira PARTICULAR DE CADA TRAVESSIA, considerando os investimentos, quantidade de veículos que utilizam os serviços e os custos operacionais, sendo assim, é inverdade afirmar que a tarifa praticada atualmente é 327% maior em comparação a outra travessia, por exemplo a de Guaratuba.

Como exemplo: A travessia de Guaratuba, recebe um subsídio do Governo do Estado do Paraná de 131,7 milhões, sendo aproximadamente 5,5 milhões por mês para operação dos serviços.

Importante consignar que os serviços da travessia de Joinville, são mantidos exclusivamente com recursos oriundos da cobrança da tarifa, não sendo recebido nenhum subsídio por parte do Governo do Estado. Contudo os serviços de travessia ficaram por 3 anos sem reajuste de tarifa por parte do Governo do Estado e atualmente está defasada.”